segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Participação da Maçonaria na Proclamação da República no Brasil


A Maçonaria Brasileira cresceu junto com o Brasil, e esteve presente em todos os principais acontecimentos históricos e que culminaram no País que hoje vivemos. Diferente não poderia ser a sua participação na Proclamação da República.
Assim foi publicado no jornal Gazeta da Tarde na edição de 15 de novembro de 1889:  “A partir de hoje, 15 de novembro de 1889, o Brasil entra em nova fase, pois pode se considerar finda a Monarquia, passando a regime francamente democrático com todas as conseqüências da Liberdade”.
A idéia republicana é antiga no Brasil, durante o período regencial vimos à clara efervescência do povo eclodindo revoltas e movimentos separatistas por todo país, como na Guerra dos Mascates (1710), na Inconfidência Mineira (1788), na Revolução Pernambucana (1817), na Confederação do Equador (1824), na Sabinada (1837) e na Revolução Farroupilha (1835-1845). Portanto, o Brasil clamava pela República, que era uma questão de Tempo.>>

O Império Brasileiro estava desgastado e vagarosamente ruía-se. Iniciou a sua queda em 1870, após a Guerra do Paraguai, onde, mesmo o Brasil saindo vitorioso daquela campanha, o Exército, seu principal agente, não foi devidamente valorizado, causando sérios descontentamentos. A igreja, por sua vez queria a liberdade, pois, encontrava-se submetida ao padroado Imperial. Mas os fatos principais, que fez com que o Império perdesse a sua sustentação, foram as leis antiescravistas, defendidas fervorosamente nas Lojas Maçônicas Brasileiras. Euzébio de Queiroz, mentor da Lei que extinguiu o tráfico de escravos em 1850 era maçom, assim como Visconde do Rio Branco idealizador da Lei do Ventre Livre (1871). Neste período as Lojas Maçônicas angariavam fundos em suas lojas para comprar e alforriar os escravos. O ideal de liberdade foi atingido com a Lei Áurea (1888) que abolia a escravatura, assinada pela Princesa Izabel e sobre forte influencia do também maçom José do Patrocínio. Atentos a todos estes fatos, a Maçonaria, através de várias Lojas como a Vigilância e Fé, de São Borja – RS, Loja Independência e Loja Regeneração III, ambas de Campinas - SP, aprovava um manifesto contrário ao advento do Terceiro Reinado e enviaram a todas as Lojas Maçônicas do Brasil, para que tomassem conhecimento e que apoiassem esta causa. Mais uma vez a Maçonaria estava à frente para liderar um Movimento Democrático. Em 10 de novembro de 1889, em uma reunião na casa do Maçom Benjamin Constant, onde compareceram os Maçons Francisco Glicério e Campos Salles, que decidiram pela queda do Império, Benjamin Constant foi incumbido de persuadir o também maçom Marechal Deodoro da Fonseca, já que este era muito afeiçoado ao Imperador. Por fim, Deodoro assumiu o comando do movimento e Proclamou a 15 de Novembro de 1889, a República no Brasil. O primeiro ministério foi totalmente constituído por maçons como Quintino Bocayuva, Benjamim Constant, Rui Barbosa, Campos Sales, Almirante Wandenkolk, Aristides Lobo e Demétrio Ribeiro. D. Pedro de Alcântara escreveu após receber a mensagem do Novo Governo: “À vista da representação escrita que me foi entregue hoje, às 3 horas da tarde, resolvo, cedendo ao império das circunstâncias, partir, com toda a minha família, para a Europa, deixando esta Pátria, de nós tão estremecida, à qual me esforcei por dar constantes testemunhos de entranho amor e dedicação, durante mais de meio século em que desempenhei o cargo de chefe de Estado. Ausentando-me, pois, com todas as pessoas da minha família, conservarei do Brasil a mais saudosa lembrança, fazendo os mais ardentes votos por sua grandeza e prosperidade. Segue, para o exílio, o Imperador, e com ele, meio século de história do Brasil Imperial. Estava proclamada a República e voltavam às esperanças de se construir uma nova nação, dentro dos ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. No dia 21 de novembro, o jornal República Brasileira, publicava o seguinte trecho em seu editorial: ”Comecemos de pensar. Esta República que veio assim, no meio do delírio popular, cercada pela bonança esperançosa da paz; esta República no século XIX que surgiu com a precisão dos fenômenos elétricos, sem desorganizar a vida da família, a vida do comércio e a vida da indústria; esta República americana que trouxe o símbolo da paz, que fez-se entre o pasmo e o temor dos monarquistas e a admiração dos sensatos - esta República é um compromisso de honra e um compromisso de sangue. (...)" Nos primeiros quarenta anos da República , foi marcante a participação dos maçons na política nacional, além de Deodoro da Fonseca, foram maçons os presidentes: Floriano Peixoto, Prudente de Morais, Campos Sales, Marechal Hermes da Fonseca, Nilo Peçanha, Delfin Moreira, Washington Luiz, Venceslau Braz, Café Filho, Nereu Ramos e Jânio Quadros. A exemplo de todos estes fatos devemos ter os mesmos atos de coragem que tiveram os maçons que hoje fazem parte da história da humanidade. Temos a obrigação de agir para que, no futuro, sejamos citados pelos maçons que nos sucederem, e que, da mesma forma, os nossos nomes fiquem registrados, como cidadãos atuantes, na memória histórica de cada rua, cada bairro, cada cidade, cada estado, por toda a nação.
E que estes maçons do futuro tenham em nós, como tivemos nos maçons do passado, o exemplo motivador da defesa da cidadania como instrumento de busca de uma sociedade mais igualitária, mais justa e fraterna, portanto mais feliz.


Fonte: Trabalho de Rogério Vaz de Oliveira, RIO NEGRO–PR
E publicada no Loja de Perfeição Estrela de Brasília


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